Padre Francisco Simon é incardinado na Diocese

Depois de 7 anos residindo em nossa amada Diocese de Santíssima Conceição do Araguaia, vendo o apelo do povo de Deus por mais padres e acima de tudo o chamado de Deus como missionário nessas terras da Imaculada Conceição, Pe. Francisco Simon pediu a Dom Dominique You para ser incardinado em nossa Diocese, fazendo agora parte do nosso clero.
No dia de sua acolhida em nosso presbitério, Pe.Francisco expressou sua gratidão ao Bispo Diocesano, aos padres e a todo povo de Deus com belas palavras que podemos conferir na íntegra.

Queridos irmãos e irmãs da diocese de Santíssima Conceição do Araguaia,

Faz mais de 7 anos que estou aqui em missão na sua terra, tentando seguir Jesus e servir a vocês, o seu povo, de todo meu coração. Hoje, eu pedi para me tornar padre da sua diocese.

Porque quero ser padre da diocese de Santíssima Conceição do Araguaia?

Desde que eu ouvi o chamado de Deus para me tornar padre, me perguntando onde e como, sempre fui atraído pelo exemplo dos missionários que deixavam tudo para anunciar o amor de Deus do outro lado do planeta. Deus colocou em mim um desejo de radicalidade, de doação total, desejo de manifestar que “quem tem Deus, nada lhe falta: Deus é o nosso tudo.” O seu amor por nós é tão maravilhoso que, em qualquer lugar, ele pode nos alcançar e nos fazer felizes.

No mesmo tempo, eu amo a minha família, meus amigos, meus irmãos e irmãs na fé, todos os homens e as mulheres que tive a graça de conhecer, com quem tive momentos profundos de partilha… Todos são importantes para mim. Sei que eu sou muito falho no meu amor para com cada um, no entanto eu quero ama-los, eu quero viver com todos numa comunhão perfeita. Mas como conseguir? Será que é possível? Será que não é um sonho ilusório? Esse questionamento já me causou grandes tristezas… Até descobrir melhor a fé e entender que esse desejo vai se realizar no Reino dos Céus, se queremos! De fato, quando entraremos plenamente no Reino de Deus, seremos um só no amor, como o Pai e o Filho são um. Na vida eterna não seremos mais divididos entre nós, não teremos mais a escolher entre um ou outro, mais pelo poder de Deus viveremos unidos no amor com todos, se alegrando da presença de cada um, conseguindo abraçar a todos sem nunca mais sentir a falta de ninguém… Obra tão maravilhosa que supera tudo que podemos imaginar, porque nada é impossível a Deus!

Quanto nosso mundo precisa se lembrar dessa nossa vocação ao Céu! Por isso me senti chamado a testemunhar do Reino de Deus. Como? Deixando minha terra, meus entes queridos, meus amigos para partir em missão num país bem longe… dizendo a cada um: “não chorem! Nossa separação é passageira. É no Reino dos Céus que nós nos encontraremos perfeitamente e nos amaremos para sempre!”

No entanto, não sabia para onde ir, e durante um tempo pensei que a missão em terras distantes já não era para mim. Mas em 2013, num retiro pregado por Dom Dominique, em Ars, na França, quando ele falou da situação da diocese com poucos padres diocesanos, ressoou em meu coração essa palavra: “Deus me espera lá”. Apesar de todas as dificuldades, Deus abriu as portas e me encaminhou até essa terra do Sul Pará.

Pensei que eu ia encontrar muitos índios kayapó. Hesitei a comprar uma mochila coberta de placas solares para recarregar meu notebook, pensando que ia morar no meio da floresta amazônica. Mas a realidade não foi bem assim.  Encontrei homens montados em cima de bois. Encontrei cidades e vilas já bem estruturadas e paróquias bem animadas. Não fiquei tão desestabilizado pelo modo de viver, se não pela língua que devia aprender! Mas consegui superar esse desafio com todo o carinho e a atenção que recebi dos meus novos irmãos e irmãs que Deus estava me dando. Assim digo que nasci em Xinguara há 7 anos… Uma coisa em particular tocou meu coração: a gratidão do povo por ter um padre! Encontrei aqui como na Europa, muitos corações sedentos do amor de Deus, precisando da graça dos sacramentos. Muitos testemunhos de fé e de piedade foram, e ainda são para mim, um grande conforto e incentivo na minha vocação missionária. Na França, meu trabalho sacerdotal era também belo e abençoado, mas é no meio desse povo do Sul Pará que Deus me mandou para anunciar o seu amor misericordioso e para apontar o Céu, onde Ele quer nos reunir, de todos os países, na comunhão perfeita da sua vida trinitária. Eu vejo aqui muitos corações provados e ainda marcados pelas feridas da história, que desrespeitou muitas vezes a dignidade das pessoas. Quantas faltas de autoestima! Quantas dúvidas de ser uma maravilha, presente do amor de Deus! Aqui, bem humildemente, através da minha pequena vida de padre missionário, eu quero ser um sinal do carinho que Deus tem para o povo do Pará. Um carinho não passageiro, mas permanente. Por essa razão, eu quero partilhar toda minha vida com vocês, até o fim. Quero me fazer brasileiro com vocês, brasileiros, a fim de ganhar com vocês o prêmio de vida eterna. Como, então, não me tornar padre da diocese de Santíssima Conceição do Araguaia? Se eu quero ser fiel ao chamado de Deus, eu não posso deixar de me doar inteiramente a essa diocese, junto com os outros padres diocesanos. Com eles, todos juntos, queremos proclamar que Deus os ama de um amor eterno. Agradeço muito pela acolhida de cada um dos meus irmãos padres. Recebi muito da parte deles. Nunca me fizeram sentir forasteiro, ao contrário, me fizeram experimentar a realidade da unidade da Igreja que é o corpo de Cristo.

Obrigado, Dom Dominique de ter aceitado meu pedido e de ser o instrumento de Deus para me fazer entrar neste presbitério e me unir à diocese de Santíssima Conceição do Araguaia.

Com a graça de Deus, sob o olhar da Imaculada Conceição e em comunhão com meus irmãos padres, contando com suas orações, quero ser um fiel servo do Senhor e da sua igreja que está em Conceição do Araguaia. Viva Jesus!