“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados” (Mt 5, 6)

Durante os últimos dias 11, 12 e 13 de abril, foi realizado o 2o Ato em Memória ao Frei Henri, um ano após o retorno de suas cinzas ao acampamento do MST que leva seu nome no município de Curionópolis, no Pará.
No dia 11 foi realizada uma missa de ação de graças na Comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no município de Xinguara, onde Henri costumava celebrar. A celebração foi presidida pelos Freis Roni e Carlinhos, da mesma Ordem dos Dominicanos, à qual Henri pertencia. Muitos amigos e amigas do frei estiveram presentes, e no final da celebração compartilharam as lembranças que tiveram na convivência com Frei Henri. Albertina, membro da comunidade há muitos anos, lembrou da simplicidade de suas celebrações em diálogo sempre com o povo que ali participava. Muitos outros destacaram o apoio firme nas dificuldades que enfrentaram para que regularizassem sua terra, na periferia da cidade, ou na área rural, quando estiveram ameaçados de despejo. De mãos dadas, após esse momento, todos reafirmaram: “Frei Henri presente!”
No dia 12 houve, na sede do Sindicato dos Professores (SINTEPP) do município de Xinguara, a realização do II Prêmio Frei Henri des Roziers de Direitos Humanos, organizado pela OAB local. A mística de abertura foi realizada pelos alunos da turma de Direito do PRONERA da Unifesspa em Marabá. Os três premiados foram: Adilar Daltoé, advogado trabalhista da Oficina Jurídica de Gurupi no estado do Tocantins, que trabalhou e conviveu com Henri durante os anos 80 na região, Walmir Brelaz, advogado popular de Belém, que trabalhou com Henri em muitos casos criminais envolvendo denúncias de abuso de força policial, e Ana Souza Pinto, a Aninha, agente de pastoral da CPT Xinguara, que trabalhou com Henri desde que ele chegou em 1991 ao sul do Pará, acompanhando diversos casos de conflitos agrários e ameaças de morte a lideranças da região. As irmãs Mada e Bia, companheiras de luta de Aninha, desde a época em que foram agentes de pastoral na Prelazia de São Félix do Araguaia, foram escolhidas pra lhe entregar o prêmio.
E no dia 13, no acampamento do MST “Frei Henri des Roziers”, localizado em Curionópolis, onde se encontram as cinzas de Henri num memorial construído em mutirão pelos trabalhadores, foi realizado um ato ecumênico, seguido por um ato político-cultural. O ato começou com uma mística de homenagem aos mártires da luta pela terra no sul do Pará. As crianças da escola Domingos Martins organizaram uma homenagem ao Frei em forma de jogral, em que cada letra do seu nome evocava uma qualidade sua, importante pra continuidade da luta. A juventude trouxe cantos, danças e encenações que animaram o ato. Representantes de diferentes organizações e movimentos sociais fizeram diferentes “falas” acerca do aprendizado que tiveram durante a caminhada com Henri, do compromisso para continuar a luta, apesar das dificuldades que só aumentam na atual conjuntura política.
Após o ato, um grande almoço comunitário preparado pelas mulheres do acampamento foi oferecido a aproximadamente 600 pessoas!
Foram, enfim, 3 dias para reabastecer a mística, renovar o compromisso pelo respeito e promoção dos direitos e seguir, como no chamado de Henri, na lembrança do ato-memória distribuída aos presentes: “A luta continua, meus amigos, e minhas amigas!”.
(CPT Xinguara)